O historiador de arte francês Germain Bazin em seu clássico Les Temps des Musées indicou duas noções de temporalidade: a do tempo que escoa irremediável e a do tempo que dura. Duas atitudes opostas caracterizam isso: a projeção do futuro e, concomitantemente, a volta ao passado. O que faz com que "o homem se console com aquilo que ele é por aquilo que ele foi". Essa referência ao tempo é fundamental para se entender o Museu e suas relações com a sociedade, sobretudo nos dias atuais. Hoje observa-se uma terceira atitude em relação ao tempo, um "presente estendido", que se problematiza a si mesmo.
Hoje o museu não se pretende mais conservador de acontecimentos e personagens relevantes e sim como um lugar de pesquisa e difusão do patrimônio universal (arqueológico, histórico, artístico, etnográfico, biológico, natural, material, imaterial). O Museu "encapsula" o espaço e, principalmente, o tempo, pela exposição. Analisando memórias, pois elas compõem fundamentalmente a vida social.
O francês Dominique Poulot, também historiador, aponta três abordagens sucessivas que marcaram o estudo da articulação Sociedade-Instituições Culturais, entre elas o Museu. Uma delas, que Bazin defende, reza que as coleções públicas correspondem ao caráter das estruturas sociais que lhe deram origem. O progresso da instituição vem da evolução natural das sociedades. Outra perspectiva vê as instituições como instrumento de conflito de interesses, de classes, como um meio de manipulação para perpetuar um determinado modo de dominação. Essa é a perspectiva aberta pela Escola de Frankfurt. Já a Escola de Chicago abre uma terceira análise, que vê o Museu como um repertório de imagens acabadas que interagem com o público por trocas e interpretações diversas. Ocorre uma hermenêutica diacrônica (interpretação de sentido de palavras, leis, textos por sua evolução no tempo).
O Museu elabora, expõe, comunica e interpreta a cultura material. O estudo dos diferentes períodos pelos quais o Museu passou, que podem ser chamados de "Sistemas Museais", deve levar em conta uma análise política, ideológica e estrutural e, sobretudo, uma reflexão sobre as coleções e suas redes sociais. Poulot aborda as coleções confrontando duas análises: a formalista, que define a coleção teoricamente e consiste em aplicar fórmulas contemporâneas às sociedades passadas, como expertise, mercado, efeito de raridade. Já a análise substantiva rejeita isso, tomando o objeto como um dado objetivo universal. Para o historiador, essas análises "isolam" o fenômeno da coleção do tecido social onde ele se acha dissimulado ou pouco reconhecível.
A partir do Séc. XVII, aparece a ideia de Museu como espaço de exposição pública que reúne, dá visibilidade e permite acesso direto às obras, diferente da apreciação da biografia dos artistas em primeiro plano, como era habitual desde o Renascimento. Uma corrente de pensadores nos Sécs. XVII-XVIII atentou para a necessidade da abertura das coleções reais na França, como Diderot, que queria fazer do Museu do Louvre um espaço para essas exposições. Rapidamente as discussões passam da abertura, aquisição e encomenda de obras para problemas museográficos, como espaço de exposição, iluminação e segurança dos objetos expostos.
Os Museus originam-se diretamente dos Gabinetes de Curiosidades, prática que era moda entre camadas superiores da população européia entre os Sécs. XVI e XVIII. A Pintura e a Escultura eram as artes preferidas desses embriões de coleção museológica. Mas é a partir das coleções de história natural que inicia-se um movimento de classificação e ordenação de objetos, tentando compor uma ordem racional do mundo.
terça-feira, 31 de março de 2015
quinta-feira, 26 de março de 2015
História Antiga e o Antiquário, de Arnaldo Momigliano
No século XII, um novo humanismo surgia organizado em Sociedades Eruditas, em vez de centrar-se nas Universidades. Os nobres o promoviam, preferindo viajar a corrigir citações. Consideravam textos literários menos importantes que vasos, moedas e inscrições. Tinham a Itália como ponto de referência, com as antiguidades etruscas tão valorizadas quanto às ruínas romanas. Seria esta a imagem da Era dos Antiquários, como uma revolução do método histórico. Esse método funda-se na distinção entre autoridades originais (testemunhas oculares ou documentos contemporâneos dos eventos que atestam) e derivadas (historiadores e cronistas que relatam e discutem eventos que não testemunharam, mas ouviram falar ou inferiram das autoridades originais). Os Antiquários tiveram grande papel nesse novo método, mostrando como utilizar evidências não literárias e refletir sobre a dificuldade de coletar e interpretar fatos.
Antiquários estudam o passado sem serem historiadores, Historiadores escrevem cronologicamente, enquanto antiquários o fazem sistematicamente. Historiadores produzem fatos para ilustrar ou explicar determinada situação, enquanto antiquários coletam todos os itens relacionados a certo tema, ajudando eles ou não a resolver seu problema. Assuntos como política, religião e vida privada, são tradicionalmente considerados mais apropriados à descrição sistemática. Na Grécia do séc. V a.C., esses assuntos eram tratados como Arqueologia, assuntos esses que hoje consideramos de interesses Antiquário.
Importante notar que, no fim do séc. V a.C., a história política e a pesquisa erudita do passado tendiam a ser mantidas em compartimentos separados, fato que perdurou até o séc. XIX, e ainda hoje não desapareceu completamente.
Na Grécia helênica, a arqueologia perde o sentido amplo visto acima, passando a significar a história das origens ou a história arcaica, sendo essa tendência seguida pelos romanos. Na Idade Média, o interesse pelas inscrições e vestígios arqueológicos não se perdeu. Mas a ação do antiquário como amante, colecionador e estudante de tradições antigas e seus vestígios - não historiador - volta com força nos sécs. XV e XVI. Nos sécs. XVI e XVII antiquários passam a ser vistos por muitos autores como historiadores imperfeitos que recuperavam relíquias tão fragmentadamente que essas não podiam ser chamadas de história. Isso se aplicava à historia de Grécia e Roma, ao mundo clássico. Antiquários eram aceitos nos estudos referentes ao mundo não clássico.
Isso na segunda metade do séc. XVII começa a desaparecer. Vestígios arqueológicos, seleção do que é confiável em fontes antigas e interpretação moral e política de evidências antigas passam a ser utilizadas. Os antiquários tornaram aparente a necessidade de novas histórias ao coletarem suas evidências fora das fontes literárias.
Controvérsia: o séc. XVII trouxe disputas religiosas e políticas que invadiram a história, desacreditando o historiador. Catedráticos e até estudiosos de outras áreas julgavam documentos e evidências como diplomas, moedas mais confiáveis que fontes literárias. Já os historiadores valiam-se da "boa-fé" para análise dessas fontes.
Os pirronistas (filosofia que tem como premissa duvidar de tudo) não tardaram a questionar até as evidências arqueológicas. Punham em dúvida a interpretação das mesmas, influenciadas por filosofias e posicionamentos diversos. Mas estes falharam em causar essa impressão em muitos eruditos. É importante aqui salientar que interpretações de vasos, estátuas, relevos e pedras são muito mais imprecisos, sujeitos à crença, filosofia dos autores do que a análise de moedas, epigrafias etc.
No séc. XVIII, historiadores "filosóficos", como Voltaire e Montesquieu, abordavam a história sob a óptica da noção de utilização, e a história política subordinou-se a ela. Temas caros ao antiquário, como religião, costumes e comércio, tornaram-se assuntos dos historiadores filosóficos, esses sem darem tanta importância à discussão sobre fontes.
No séc. XIX a combinação de história filosófica e método de pesquisa antiquário tornou-se o objetivo dos melhores historiadores - e ainda hoje isso é buscado. Para isso, implica-se suprimir constantemente o impulso de julgar a priori, que é intrínseco à abordagem generalizante do historiador filosófico, bem como evitar o apreço pela classificação e pelos detalhes às vezes irrelevantes do antiquário.
Antiquários estudam o passado sem serem historiadores, Historiadores escrevem cronologicamente, enquanto antiquários o fazem sistematicamente. Historiadores produzem fatos para ilustrar ou explicar determinada situação, enquanto antiquários coletam todos os itens relacionados a certo tema, ajudando eles ou não a resolver seu problema. Assuntos como política, religião e vida privada, são tradicionalmente considerados mais apropriados à descrição sistemática. Na Grécia do séc. V a.C., esses assuntos eram tratados como Arqueologia, assuntos esses que hoje consideramos de interesses Antiquário.
Importante notar que, no fim do séc. V a.C., a história política e a pesquisa erudita do passado tendiam a ser mantidas em compartimentos separados, fato que perdurou até o séc. XIX, e ainda hoje não desapareceu completamente.
Na Grécia helênica, a arqueologia perde o sentido amplo visto acima, passando a significar a história das origens ou a história arcaica, sendo essa tendência seguida pelos romanos. Na Idade Média, o interesse pelas inscrições e vestígios arqueológicos não se perdeu. Mas a ação do antiquário como amante, colecionador e estudante de tradições antigas e seus vestígios - não historiador - volta com força nos sécs. XV e XVI. Nos sécs. XVI e XVII antiquários passam a ser vistos por muitos autores como historiadores imperfeitos que recuperavam relíquias tão fragmentadamente que essas não podiam ser chamadas de história. Isso se aplicava à historia de Grécia e Roma, ao mundo clássico. Antiquários eram aceitos nos estudos referentes ao mundo não clássico.
Isso na segunda metade do séc. XVII começa a desaparecer. Vestígios arqueológicos, seleção do que é confiável em fontes antigas e interpretação moral e política de evidências antigas passam a ser utilizadas. Os antiquários tornaram aparente a necessidade de novas histórias ao coletarem suas evidências fora das fontes literárias.
Controvérsia: o séc. XVII trouxe disputas religiosas e políticas que invadiram a história, desacreditando o historiador. Catedráticos e até estudiosos de outras áreas julgavam documentos e evidências como diplomas, moedas mais confiáveis que fontes literárias. Já os historiadores valiam-se da "boa-fé" para análise dessas fontes.
Os pirronistas (filosofia que tem como premissa duvidar de tudo) não tardaram a questionar até as evidências arqueológicas. Punham em dúvida a interpretação das mesmas, influenciadas por filosofias e posicionamentos diversos. Mas estes falharam em causar essa impressão em muitos eruditos. É importante aqui salientar que interpretações de vasos, estátuas, relevos e pedras são muito mais imprecisos, sujeitos à crença, filosofia dos autores do que a análise de moedas, epigrafias etc.
No séc. XVIII, historiadores "filosóficos", como Voltaire e Montesquieu, abordavam a história sob a óptica da noção de utilização, e a história política subordinou-se a ela. Temas caros ao antiquário, como religião, costumes e comércio, tornaram-se assuntos dos historiadores filosóficos, esses sem darem tanta importância à discussão sobre fontes.
No séc. XIX a combinação de história filosófica e método de pesquisa antiquário tornou-se o objetivo dos melhores historiadores - e ainda hoje isso é buscado. Para isso, implica-se suprimir constantemente o impulso de julgar a priori, que é intrínseco à abordagem generalizante do historiador filosófico, bem como evitar o apreço pela classificação e pelos detalhes às vezes irrelevantes do antiquário.
domingo, 22 de março de 2015
Coleção, de Krzysztof Pomian
Museu é uma coleção, ou seja, qualquer conjunto de objetos naturais ou artificiais, mantidos temporária ou definitivamente fora do circuito de atividades econômicas, sujeitos a uma proteção especial num lugar pronto a esse fim, e expostos aos olhos do público.
Arquivo é uma instituição destinada a pôr em segurança, recolher, classificar, conservar, guardar e tornar acessíveis documentos que, tendo perdido sua antiga utilidade cotidiana e por isso considerados supérfluos nas repartições, mereçam ser guardados.
Já as Bibliotecas têm uma definição mais complicada. Livros tratados enquanto objetos, com belas encadernações, capas artísticas, conferem a estas bibliotecas status de coleção. Ou as bibliotecas desempenham função de arquivo, ou têm apenas obras de entretenimento. Estes casos são diferentes de bibliotecas que recolhem livros onde se extraem informações de atividades econômicas, que não podem ser assimiladas às coleções. Os objetos de coleção tem valor de TROCA, sem valor de USO.
Pomian fala em Coleção de Coleções, citando o Mobiliário Funerário, tumbas com objetos que pertenciam aos mortos, depois substituídos por modelos, mais difíceis de executar e mais caros. As Oferendas, objetos ofertados aos deuses em templos de Musas (como o Museu de Alexandria). Objetos tornam-se sacros. Sobre Presentes e Despojos, Pomian diz que os detentores do poder recebiam presentes de embaixadores, por exemplo, os quais eram mostrados em festas aos cortesãos. Em Roma, o general que voltava de uma campanha vitoriosa tinha o privilégio de mostrar as riquezas conquistadas. As Relíquias e Objetos Sagrados, devido ao Cristianismo, o culto aos Santos, levou a valorização dos objetos sacralizados ao apogeu. Já os Tesouros Principescos vem a ser a acumulação de objetos do cotidiano (talheres, por exemplo) mas de metais preciosos. Provavelmente não para uso, pela grande quantidade, mas para exibição em momentos solenes. Todas essas coleções diferem-se umas das outras e também do conceito de Coleção contemporâneo.
O autor também cita o visível e o invisível como características importantes das Coleções. O mobiliário e oferendas aos mortos SÃO coleções, visíveis aos mortos e deuses. Relíquias representam o passado e mais o sagrado, por simples contato com santos ou de serem partes de seus corpos. Objetos só asseguram a condição de comunicadores entre os mundos dos mortos e vivos se expostos. O invisível está muito longe no tempo, muito alto ou baixo. Além de espaço físico, na Eternidade.
Os modos de transmissão de mensagens ao invisível são variados: sacrifícios, oferendas, rezas, etc. Enquanto os fenômenos de representação do invisível se dão por meio de aparições celestes, meteoros, plantas sagradas, animais (como as vacas na Índia), entre outros. E é a linguagem que dá origem ao invisível. Permite falar dos mortos como vivos, do passado como presente. A produção de elementos que representam o invisível surge com a emergência da cultura.
Dentro do visível, COISAS são usadas e, por consequência, consomem-se. E os objetos tornam-se SEMIÓFOROS quando perdem a utilidade no sentido acima, mas são dotadas de um novo significado, que se desvela quando expostos ao olhar.
Arquivo é uma instituição destinada a pôr em segurança, recolher, classificar, conservar, guardar e tornar acessíveis documentos que, tendo perdido sua antiga utilidade cotidiana e por isso considerados supérfluos nas repartições, mereçam ser guardados.
Já as Bibliotecas têm uma definição mais complicada. Livros tratados enquanto objetos, com belas encadernações, capas artísticas, conferem a estas bibliotecas status de coleção. Ou as bibliotecas desempenham função de arquivo, ou têm apenas obras de entretenimento. Estes casos são diferentes de bibliotecas que recolhem livros onde se extraem informações de atividades econômicas, que não podem ser assimiladas às coleções. Os objetos de coleção tem valor de TROCA, sem valor de USO.
Pomian fala em Coleção de Coleções, citando o Mobiliário Funerário, tumbas com objetos que pertenciam aos mortos, depois substituídos por modelos, mais difíceis de executar e mais caros. As Oferendas, objetos ofertados aos deuses em templos de Musas (como o Museu de Alexandria). Objetos tornam-se sacros. Sobre Presentes e Despojos, Pomian diz que os detentores do poder recebiam presentes de embaixadores, por exemplo, os quais eram mostrados em festas aos cortesãos. Em Roma, o general que voltava de uma campanha vitoriosa tinha o privilégio de mostrar as riquezas conquistadas. As Relíquias e Objetos Sagrados, devido ao Cristianismo, o culto aos Santos, levou a valorização dos objetos sacralizados ao apogeu. Já os Tesouros Principescos vem a ser a acumulação de objetos do cotidiano (talheres, por exemplo) mas de metais preciosos. Provavelmente não para uso, pela grande quantidade, mas para exibição em momentos solenes. Todas essas coleções diferem-se umas das outras e também do conceito de Coleção contemporâneo.
O autor também cita o visível e o invisível como características importantes das Coleções. O mobiliário e oferendas aos mortos SÃO coleções, visíveis aos mortos e deuses. Relíquias representam o passado e mais o sagrado, por simples contato com santos ou de serem partes de seus corpos. Objetos só asseguram a condição de comunicadores entre os mundos dos mortos e vivos se expostos. O invisível está muito longe no tempo, muito alto ou baixo. Além de espaço físico, na Eternidade.
Os modos de transmissão de mensagens ao invisível são variados: sacrifícios, oferendas, rezas, etc. Enquanto os fenômenos de representação do invisível se dão por meio de aparições celestes, meteoros, plantas sagradas, animais (como as vacas na Índia), entre outros. E é a linguagem que dá origem ao invisível. Permite falar dos mortos como vivos, do passado como presente. A produção de elementos que representam o invisível surge com a emergência da cultura.
Dentro do visível, COISAS são usadas e, por consequência, consomem-se. E os objetos tornam-se SEMIÓFOROS quando perdem a utilidade no sentido acima, mas são dotadas de um novo significado, que se desvela quando expostos ao olhar.
Breviário de um Museu Mutante e Da coleção impossível ao espólio indesejado: memórias ocultas do Museu Julio de Castilhos, de Letícia Borges Nedel, Universidade de Brasília – Brasil
O perfil do Museu Julio de Castilhos é forjado na era dos "museus nacionais". O patrimônio dos povos e coleções sendo disputados pelos Estados, diferenciando-se dos "gabinetes de curiosidades"da nobreza.
O MJC inicia ligado ao espólio da Exposição Agropecuária de 1901, numa época de de exposições universais pelo mundo. O Governador Julio de Castilhos propôs a criação de um museu a partir da reunião de exemplares de minerais da Exposição Agropecuária, realizada nos campos da Redenção (POA). Nos primeiros tempos do museu, esse tinha um caráter enciclopédico, e a partir da década de 1950, passa a priorizar o folclore e tradições pátrias e, sobretudo, rio-grandenses.
O advento do MJC é posterior a duas tentativas de criação de museus provinciais, um Instituto de Historia e Geografia e um arquivo, durante o Império. Só durante a República foi superada a ausência de órgãos para guardar a memória da república . Com o Arquivo Publico, que desde o início servia à pesquisa histórica. Já o MJC era um lugar de memória, de heróificação de vultos republicanos. Em seu início era fechado à visitações, somente recebendo pesquisadores estrangeiros, sem contemplar funções museológicas. Armazenava então presentes recebidos ou produzidos pelo Executivo estadual, sem tratamento cronológico ou temático dos objetos expostos. Com uma orientação positivista, o museu tinha três seções voltadas para ciências físicas e biológicas e somente uma para ciências, artes e documentação, mostrando o papel indefinido da História. Isso perdurou até a década de 1920.
Ocorreu em 1925 uma guinada em direção ao novo formato do MJC, com a incorporação da seção histórica do Arq. Público e parceria com o Instituto Histórico e Geográfico do RS. Todos os órgãos se fundem, com diretores circulando entre estes. Em 1943 o regulamento do MJC é adequado às funções que exercia desde 1925. Sua função museológica é de "catalogar, colecionar e expor, sistematicamente, documentos históricos e geográficos, relíquias históricas, arqueológicas e artísticas do Brasil e especialmente do Rio Grande do Sul". Durante o Estado Novo, a política de atuação volta-se ao público, com preocupação pedagógica e consequente visita de escolas.
Na década de 60 verifica-se a tendência de diversificação de acervos nos museus, devido aos genocídios praticados durante a WWII em nome das Nações. Começa um processo de destituição de heróis políticos do papel ordenador da história social. Na década de 70, chegam a especialização e diversificação, palavras de ordem nos debates sobre políticas de preservação, aquisição e curadoria.
A Lei nº 2.345, promulgada em janeiro de 1954, obriga os museus a determinar áreas de interesse. Então, o acervo do MJC é dividido entre MARGS, Zoológico e Arquivo Histórico. A pesquisa e divulgação do Folclore aparece entre as atividades do Museu. O intelectual Dante de Laytano, à frente do Museu, divulgava um RS cheio de particularidades em relação ao Brasil, mas parte do "mundo português". Cria seção açoriana, busca itens originais das ilha, mas o custo financeiro dificulta o projeto. Este mal visto por conservadores, por presenças étnicas "indesejáveis".
A confusão entre "tradição" e "folclore" minou a legitimidade da ascendência açoriana pretendida por Laytano, barrando a entrada do folclore no MJC. Isso passa às mãos dos CTG's.
O MJC inicia ligado ao espólio da Exposição Agropecuária de 1901, numa época de de exposições universais pelo mundo. O Governador Julio de Castilhos propôs a criação de um museu a partir da reunião de exemplares de minerais da Exposição Agropecuária, realizada nos campos da Redenção (POA). Nos primeiros tempos do museu, esse tinha um caráter enciclopédico, e a partir da década de 1950, passa a priorizar o folclore e tradições pátrias e, sobretudo, rio-grandenses.
O advento do MJC é posterior a duas tentativas de criação de museus provinciais, um Instituto de Historia e Geografia e um arquivo, durante o Império. Só durante a República foi superada a ausência de órgãos para guardar a memória da república . Com o Arquivo Publico, que desde o início servia à pesquisa histórica. Já o MJC era um lugar de memória, de heróificação de vultos republicanos. Em seu início era fechado à visitações, somente recebendo pesquisadores estrangeiros, sem contemplar funções museológicas. Armazenava então presentes recebidos ou produzidos pelo Executivo estadual, sem tratamento cronológico ou temático dos objetos expostos. Com uma orientação positivista, o museu tinha três seções voltadas para ciências físicas e biológicas e somente uma para ciências, artes e documentação, mostrando o papel indefinido da História. Isso perdurou até a década de 1920.
Ocorreu em 1925 uma guinada em direção ao novo formato do MJC, com a incorporação da seção histórica do Arq. Público e parceria com o Instituto Histórico e Geográfico do RS. Todos os órgãos se fundem, com diretores circulando entre estes. Em 1943 o regulamento do MJC é adequado às funções que exercia desde 1925. Sua função museológica é de "catalogar, colecionar e expor, sistematicamente, documentos históricos e geográficos, relíquias históricas, arqueológicas e artísticas do Brasil e especialmente do Rio Grande do Sul". Durante o Estado Novo, a política de atuação volta-se ao público, com preocupação pedagógica e consequente visita de escolas.
Na década de 60 verifica-se a tendência de diversificação de acervos nos museus, devido aos genocídios praticados durante a WWII em nome das Nações. Começa um processo de destituição de heróis políticos do papel ordenador da história social. Na década de 70, chegam a especialização e diversificação, palavras de ordem nos debates sobre políticas de preservação, aquisição e curadoria.
A Lei nº 2.345, promulgada em janeiro de 1954, obriga os museus a determinar áreas de interesse. Então, o acervo do MJC é dividido entre MARGS, Zoológico e Arquivo Histórico. A pesquisa e divulgação do Folclore aparece entre as atividades do Museu. O intelectual Dante de Laytano, à frente do Museu, divulgava um RS cheio de particularidades em relação ao Brasil, mas parte do "mundo português". Cria seção açoriana, busca itens originais das ilha, mas o custo financeiro dificulta o projeto. Este mal visto por conservadores, por presenças étnicas "indesejáveis".
A confusão entre "tradição" e "folclore" minou a legitimidade da ascendência açoriana pretendida por Laytano, barrando a entrada do folclore no MJC. Isso passa às mãos dos CTG's.
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