quinta-feira, 23 de abril de 2015

A Cidade Pré-Industrial, de Peter Burke

Apontamentos de que, em minha opinião, é relevante no artigo.


Entre 1450 e 1800, de Gutemberg à imprensa à vapor, na primeira fase da imprensa, as Cidades já eram importantes no processo de comunicação. Ao mesmo tempo, a comunicação foi fundamental para o crescimento e prosperidade de cidades como Veneza, Roma, Amsterdã, Paris e Londres.

      1.  As principais cidades europeias tinham locais de difusão de informações, tais como barbearias e tavernas, para homens, fontes publicas, para mulheres, e praças, para ambos os sexos. Mais tarde, os cafés surgiram e ganharam muita importância no processo. Mas gostaria de enfatizar o surgimento da comunicação clandestina e subversiva, com “grafiteiros” colocando nas paredes e monumentos palavras contra as instituições e lideres. Algo muito semelhante aos dias de hoje.
            2. O crescimento das grandes cidades europeias também fez crescer a confusão. Surge dai a necessidade de informação. Começam a proliferar guias para locomoção na cidade. Incialmente informando sobre atrações como igrejas, obras de arte, etc. Depois, sobre como negociar com condutores de cabriolés, ruas a serem evitadas à noite. Isso não só para visitantes, mas também para nativos, e sua demanda por informações sobre lazer e comércio. Destaco a criação, em Veneza, por volta de 1535, do Tariffa della Puttane, guia que continha atrações, críticas e preços de cerca de 110 cortesãs da cidade.
      3. As cidades também coletavam e distribuíam informações vindas de e sobre outros lugares. Informações estas que faziam subir ou descer preços de bens e ações. Surgem especuladores que espalhavam boatos com esse fim, num paralelo com o que é feito nos dias de hoje. Veneza era um centro de informações politicas importantes nessa época, com um sistema de Embaixadores Residentes, que coletavam informações relevantes para o Governo, fazendo relatórios que eram lidos em voz alta no Senado e depois guardados nos Arquivos Estatais. Posteriormente, esses relatórios poderiam ser comprados clandestinamente.
Veneza era a maior produtora de livros na Europa por volta de 1500, e por consequência grande difusora de informação. Ajudava o fato de ser uma cidade portuária e ligação entre oriente e ocidente. Muitos  estrangeiros viviam na cidade, e obras eram editadas em varias línguas. Isso até a Inquisição mudar esse quadro, forçando a publicação de textos devocionais em italiano, com a cidade ganhando ares provincianos, em contraste com o comportamento de metrópole que tinha até então.  Entra em cena Amsterdã. Pelo descobrimento do Novo Mundo, o eixo de gravidade se desloca para mais perto do Atlântico. A informação numa clara dependência das rotas comerciais. Isso faz com que, entre 1650 e 1700, Amsterdã se torne a maior produtora europeia de livros. Esta cidade foi o primeiro centro jornalístico da Europa Ocidental, e muito da sua riqueza dependia da venda de informações. 

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